quinta-feira, 17 de setembro de 2009








ESSE AMOR
(Luz... Porto)

Meu amor, manso riacho,
Tem o volume do Amazonas,
A extensão do Nilo.
Corre por vales, despenhadeiros,
Corta florestas, matas e desertos.
Corredeira para o aventureiro,
Leito de morte para o suicida.

Meu amor, tão volumoso e extenso,
Tão viajado, erudito, cobiçado,
às vezes, como o velho Chico,
Seca, escasseia, quase morre.
Conhece as agruras do sol escaldante,
Sente a indiferença dos que por ele passam,
Vão a miséria às suas margens
E cala-se num choro sem lágrimas.

Meu amor, pororoca barrenta,
Fenomeno ancestral da natureza,
Força que traz a vida
E pode a tudo destruir, desolação.
Esse amor que me assusta
Eu o guardo numa caixinha de fósforos
Para que não te petrifiques,
Para que não fujas ao vê-lo.

Esse amor, diante de ti,
Semi-cerra os olhos, encolhe-se, tí­mido,
E escorre por entre teus dedos
Longos, finos, delicados,
Incapazes de retê-lo, de aceitá-lo
E penetra em silêncio
Nas fendas das pedras musguentas
No solo árido de teu ser.
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